Procuradas pela reportagem para comentar o caso das cópias ilegais vendidas em uma sobreloja na rua 25 de março, em São Paulo, as grifes Mormaii, Evoke e Cavalera não quiserem se pronunciar.
A Aramis, por sua vez, alegou indisponibilidade de um porta-voz, apesar de ter sido procurada mais de uma vez durante a apuração.
O silêncio das marcas nacionais de moda sobre a pirataria no Brasil denota o receio de executivos e estilistas em, se falarem abertamente sobre o caso, abrir uma mancha na reputação das empresas.
É certo que todas as marcas nacionais citadas tentam se reposicionar no mercado, com altos investimentos em publicidade, pontos de venda em bairros nobres e um mix de produtos com preço médio mais baixo para atrair novos clientes.
No entanto, duas grifes internacionais que enfrentam o mesmo problema com as falsificações dos seus produtos conseguiram construir uma imagem sólida entre os consumidores por meio da transparência.
A marca francesa de sapatos Chrisitan Louboutin e a grife de jeanswear Diesel desde o início desta década promovem campanhas de conscientização e mantêm uma espécie de polícia interna nas empresas que rastreia anúncios de venda de cópias na internet.
Abaixo, leia as respostas das grifes sobre os ganhos que obtiveram nos últimos anos com seus programas antipirataria.
DIESEL
Como a Diesel protege sua reputação com o uso ilegal da marca?
O principal passo é colaborar com a alfândega. Facilitamos o trabalho das autoridades aduaneiras ajudando a identificar qualquer violação da nossa marca registrada que chegue aos portos. Já na internet, mantemos um programa especial.
Como funciona essa plataforma e quais foram os ganhos práticos até agora?
O programa on-line é dividido em três núcleos de ação. Primeiramente colaboramos com os principais locais de mercado na internet, como o Ebay garantindo que eles tenham todas as informações sobre nossos produtos para identificar o potencial de infrações.
Depois, mantemos contato com motores de busca, como o Google, para identificar e evitar os sites de pirata e sua presença nos resultados das pesquisas dos usuários.
Por último, dentro da empresa rastreamos sites e vendedores ilegais na internet. Até agora, mais de 120 endereços foram retirados do ar, com mais de 1.000 vendedores bloqueados e um total de 400.000 itens removidos. No Brasil temos contato constante com o Mercado Livre, um dos maiores sites do tipo “marketplace” do país.
Quais são os itens mais copiados da Diesel e porquê?
Naturalmente, são os jeans, pelos quais nos tornamos famosos. Também há outros tipos de roupas, sapatos e bolsas, mas os produtos que são pirateados geralmente têm a ver com o apelo da marca, que, quanto mais famosa, mais é copiada.
CHRISTIAN LOUBOUTIN
O programa antipirataria “Stop Fake Louboutin” já tem cinco anos e foi um dos primeiros criados por uma marca de moda. Como funciona, hoje, esse monitoramento?
Atualizamos regularmente o site, completamente redesenhado no ano passado e que está disponível em inglês, francês e chinês. Fornecemos notícias sobre apreensões, tanto as realizadas na internet quanto as feitas em operações da polícia. Um formulário on-line também permite os usuários entrarem em contato com nossa equipe para denunciar sites que vendam falsificações. Contamos hoje com a ajuda dos fãs da marca e dos seguidores de moda para notificar as infrações à polícia.
Quando surgiram os primeiros casos de pirataria envolvendo os sapatos da marca, logo ela decidiu criar esse programa? Não tiveram medo da reação dos clientes?
Percebemos que, se é para lutar de forma eficaz, deveríamos comunicar sobre os números de cópias e divulgar nosso esforço para conter as falsificações. Na época, várias marcas ficaram chocadas com o fato de abrirmos isso, mas perceberam os ganhos e fizeram o mesmo.
Christian Louboutin está investindo cada vez mais em linhas de sapatos masculinos. Esses produtos também estão sendo tão pirateados quanto os da linha feminina?
Sim, isso já está acontecendo. Os sapatos masculinos são agora parte importante do nosso programa de rastreamento de IPs.