Artistas visuais e profissionais de moda brasileiros já podem se inscrever no primeiro edital de residência artística voltado para a moda custeado pelo Itaú Cultural.
Referência nos estudos do vestuário em São Paulo e com um acervo de 35 mil peças, a Casa Juisi ganhou patrocínio de R$ 125 mil do programa Rumos, braço de incentivo à cultura do Itaú, para gerir o trabalho de dois artistas nos meses de outubro deste ano e maio de 2015.
Os artistas devem provar em suas obras a relação da arte com uma peça de roupa do acervo da Juisi, cujo guarda-roupa tem de vestidos de alta-costura a réplicas usadas em filmes nacionais.
“Não haverá desfile ou confecção de roupas como acontece na maioria dos projetos de moda. Propomos que os artistas analisem o vestuário com um olhar distante da passarela, transformando fios, tecidos e aviamentos em uma instalação que será exibida em diversos pontos de São Paulo”, explica a produtora de moda e sócia da Casa Juisi, Simone Prokopp.
Registrados em vídeo e em livro, essas duas residências irão se desdobrar em performances itinerantes definidas após a conclusão dos trabalhos.
Os interessados devem enviar até 31 de agosto um portfolio e uma carta de motivação para a Casa Juisi. As instruções do processo seletivo estão no site phosphorus.art.br.
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Ao abrir o cofre do programa Rumos para o primeiro projeto de residência de moda, o Itaú Cultural reproduz a ideia do Ministério da Cultura de igualar o vestuário com as artes visuais em seus programas de incentivo.
Tanto nos projetos de desfiles que há um ano ganharam o direito de captar recursos via Lei Rouanet quanto na residência proposta pela Casa Juisi, a moda é colocada num patamar de expressão artística. A diferença, no entanto, está na finalidade do produto exposto.
Enquanto no caso dos desfiles há um comércio de roupas implícito na “exposição de artefatos artísticos” citada nos projetos, a residência não se propõe a vender itens de vestuário. O objetivo, segundo o texto do projeto, é provar que no processo criativo da moda pode haver uma parcela de trabalho artístico.
Bom exemplo dessa interseção entre a arte e a criação de moda é o trabalho do artista plástico Daniel Albuquerque.
Residente na Phosphorus, núcleo de experimentação artística sediado em São Paulo e que mantém parceria com a Casa Juisi, ele cria esculturas com técnicas de bordado.