O dicionário Houaiss define a palavra “cafona” da seguinte forma: “que ou o que revela mau gosto, pouca sofisticação ou pouco trato social”. O mundo da moda, no entanto, desafia a gramática há duas temporadas para elevar à condição de fashion, sofisticado e de extremo bom gosto quatro peças e tendências consideradas cafonas até pouco tempo.
A maioria das “cafonices” remonta aos anos 1990, referência para boa parte das coleções de passarela apresentadas no último ano, e aos 1970 — que, no Brasil, poderá ter ainda mais influência após a estreia de “Boogie Oogie”, novela das 18h da TV Globo ambientada no período.
Birkenstock
Aquela “percata” escondida no guarda-roupa e conhecida pelo nome da marca alemã que a tornou famosa nos anos 1990 ressurgiu nos desfiles da italiana Prada e das francesas Céline e Givenchy. Não deu outra. A moda, nacional e internacional, já oferece o modelo controverso em versões chiques, geralmente feitas de couro.
Boca de sino
Foi tema de capa da “Ilustrada” pela influência nas ruas e em passarelas como a de alta-costura da grife francesa Christian Dior e a de prêt-à-porter da brasileira Amapô. Chamada de “flare” pelos fashionistas, agora tem boca menos aberta que a dos anos 1970 e a silhueta é mais ajustada.
“Top cropped”
Aposta antiga de celebridades. Madonna abusou da peça no final dos anos 1980 e as inglesas do grupo Spice Girls colaram ainda mais a miniblusa na metade dos 1990. O top reapareceu em todos os tamanhos, comprimentos e materiais (tem de seda, malha, jeans) nas coleções de grifes como a brasileira Colcci e a francesa Balenciaga.
Logomania
Exaltar o nome da marca em logotipos estampados em roupas e acessórios era praxe nos 1980 e 1990. Mais de 10 anos após a limpeza geral que a moda fez nas peças de vestuário, estilistas como os americanos Jeremy Scott e Alexander Wang e as grifes nipo-francesa Kenzo e americana DKNY já apontam o retorno glorioso da ostentação.