Se não fosse o último desfile de Jean Paul Gaultier no sábado (27), o de verão 2015 da Chanel na manhã desta terça (30) seria, assim como ocorre em todas as temporadas da semana de moda de Paris, o mais importante e definitivo.
Ao reconstruir no Grand Palais a Paris idealizada pelo arquiteto francês George-Eugène Haussmann (1809-1891), responsável pela reforma urbana e pela imagem dos prédios da Paris moderna, o estilista Karl Lagerfeld quer falar sobre renovação, mudanças, transformação das ruas e, por conseguinte, da moda.
Não foi um desfile, mas sim um ato, quase uma manifestação se essa palavra pudesse definir uma apresentação de roupas.
Como não pode, e Lagerfeld sabe disso, as modelos passeavam com o melhor do “streetwear” de luxo já produzido pela maison francesa, aperfeiçoado com uma mistura de 1970 e 1990 que são a cara e o corpo desta temporada.
Vale lembrar, foi no final dos anos 1960 e começo dos 1970 que Paris passou por sua maior revolução cultural. Agora, não é o maio de 1968 que inspira Lagerfeld, mas os direitos das mulheres e sua luta contra o machismo. Coco Chanel (1883-1971), maior feminista do seu tempo, aprovaria.
A modelo Cara Delevingne, fetiche do estilista, puxou o coro do protesto de butique empunhando um megafone com o cabo customizado em couro matelassado e a logo da Chanel estampada.
Cartazes com frases do tipo “menos machismo, mais feminismo” e “mulheres primeiro” compunham o espetáculo visual.
O casting milionário de modelos incluía, além de Cara, um outro fetiche do “kaiser”, o modelo Baptiste Giabiconi.
Gisele Bündchen, numa passagem relâmpago, também cruzou o Grand Palais sozinha num vestido de tricô.
A revolução da Chanel precisava ser bonita, afinal, ainda estamos falando de roupas.
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