Look de Dilma para a posse foi feito às pressas

Por Pedro Diniz

A estilista gaúcha Juliana Pereira, 38, autora do conjunto de saia e blusa usado por Dilma na cerimônia de posse, em 1º de janeiro, recebeu com um misto de ânimo e desagrado os comentários sobre a criação após a presidente mostrá-la em cadeia nacional.

“Cada um tem uma opinião e gostos diferentes, mas acho de extremo mal gosto e deselegância a comparação que fizeram [da roupa rendada com uma capa de botijão de gás]. Senti orgulho e empolgação, mas também vários sentimentos dos quais não gostei e até prefiro não comentar”, diz Pereira.

A estilista Juliana Pereira em seu ateliê, em Porto Alegre (RS). Crédito: Tiago Trindade
A estilista Juliana Pereira em seu ateliê, em Porto Alegre (RS). Crédito: Tiago Trindade

Comedida após a exposição do seu nome, a estilista não fala de valores nem faz comparações de sua criação com os looks usados por outras mulheres presentes na posse, como a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), criticada nas redes sociais por usar um vestido verde. Segundo internautas, a roupa era similar a uma pamonha enrolada.

“Voltei a trabalhar há apenas três dias e o telefone não para. Não sei se houve aumento da procura por minhas peças, não dá pra mensurar”, diz a estilista, que também desenhou o look vermelho da filha de Dilma, Paula Rousseff.

A cor do vestido da acompanhante, vermelho PT, não teria sido premeditada.

“Eu amo vermelho e Paula também. Foi por meio dela que cheguei à presidente. Ela perguntou se eu faria o look em um espaço curto de tempo, nos dias da passagem da presidente em Porto Alegre, à época do seu aniversário [comemorado em 14 d de dezembro]”, conta.

Dilma discursa na cerimônia de posse em 1º de janeiro, em Brasília. O look é da estilista Juliana Pereira. Sergio Lima/Folhapress
Dilma discursa na cerimônia de posse em 1º de janeiro, em Brasília. O look é da estilista Juliana Pereira. Sergio Lima/Folhapress

Às pressas, a estilista teve apenas 12 dias para confeccionar o modelo. Ao todo foram precisas quatro provas de roupa, sendo duas delas para ajustes e correções.

“Ela [Dilma] queria algo neutro, clássico, sem cinto e com rendas. A cor da veste escolhi café com leite, e as rendas, todas francesas, eram de tom nude com pigmento rosé.”

Segundo Juliana, a modelagem “aconteceu” a partir das provas. “Ela pediu manda ¾, aí sugeri mais aberta, com movimento. Sempre procuro valorizar o que elas [as mulheres] têm de legal. Não queria uma roupa volumosa na presidente.”

A imagem final da roupa, de acordo com a estilista, agradou cliente e criadora. O look seguiu o estilo da estilista, “jovial, leve, charmoso e elegante, que respeite a opinião e o corpo da mulher.”