França pode aprovar lei que proíbe modelos magras demais

Por Pedro Diniz

Berço do luxo e maior difusora de padrões estéticos na moda, a França discutirá na próxima quinta-feira (19) duas emendas à Lei da Saúde nacional que podem proibir agências de modelos de contratar meninas magras demais.

A proposta, redigida pelo deputado socialista Olivier Véran e que já tem apoio da ministra da Saúde francesa, Marisol Touraine, é modificar o Código do Trabalho. As agências seriam obrigadas a emitir certificados com o IMC (Índice de Massa Corpóreo) de cada modelo e fazer testes periódicos para mantê-lo na média.

Se for constatado que alguma delas é excessivamente magra – levando em conta a média padrão das tops, de 1,75 m, elas não poderiam ter menos de 55 kg –, a agência pode pagar 75 mil euros de multa. Os envolvidos na contratação podem ser sentenciados a até seis meses de prisão.

Modelo desfila para a grife Lenny Niemeyer, no Fashion Rio, em 2013. O desfile foi citado em  jornais internacionais por exibir padrão de beleza excessivamente magro.  Crédito: Pilar Olivares/Reuters
Modelo desfila para a grife Lenny Niemeyer, no Fashion Rio, em 2013. O desfile foi citado em jornais internacionais por exibir padrão de beleza excessivamente magro. Crédito: Pilar Olivares/Reuters

Também seria criado o “crime de valorização da magreza excessiva”. O principal alvo dessa segunda emenda são os sites e as campanhas que, segundo Olivier Véran disse ao jornal “Le Parisien”, fazem “apologia à anorexia”.

“A maioria [das pessoas que sofrem de anorexia] são adolescentes. O impacto social da imagem transmitida pela moda, segundo a qual as mulheres devem ser magras a um nível patológico para ser bonitas e poder desfilar, é muito forte”, disse o deputado, que também é médico.

Receosos quanto a uma possível invasão de modelos de outros países, que supririam a falta de modelos magras demais, o Sindicato Nacional de Agências de Modelos da França posicionou-se a favor de uma discussão em âmbito continental.

Em comunicado, o sindicato afirma que “as agências francesas estão em concorrência permanente com suas colegas europeias, portanto é indispensável um enfoque europeu”.

Espanha, Itália, Bélgica, Chile e Israel já têm regulamentados padrões de peso para as modelos que atuam em seu território. O Brasil, apesar dos recorrentes protestos de médicos e nutricionistas, não tem legislação específica que determine um mínimo de IMC para a contratação das tops.

Em abril de 2013, a imprensa internacional apontou a magreza dos corpos das modelos brasileiras que desfilaram no Fashion Rio. Os jornais “Daily Mail” e “El Mundo” destacaram a flacidez e a “magreza excessiva” evidentes quando as mulheres desfilaram biquínis.

*Com agências de notícias