Minha Peça Única: Elke Maravilha, sagrada e profana

Por Pedro Diniz

Elke Maravilha é a única mulher septuagenária a estampar a campanha de uma grife de moda nacional.  O estilista mineiro Lucas Magalhães escalou a ex-modelo e atriz para a campanha de sua nova coleção, de inverno 2015, inspirada no Nordeste brasileiro. Leia mais na matéria desta segunda-feira (23) publicada na “Ilustrada”.

Ela, que aos 70 anos ainda é reconhecida por seus looks e acessórios exuberantes, contou ao blog qual a peça do seu guarda-roupa que considera mais importante.

O “colar sagrado”, joia cheia de penduricalhos angariados por ela em suas viagens pelo mundo, vem sendo montado ao longo de 40 anos. A peça tem mais de 500 itens, vai dos ombros até a coxa e tem desde santos barrocos até uma chave do cemitério de Colatina (ES).

A atriz, intérprete e ex-modelo Elke Maravilha, 70, posa para a campanha de inverno 2015 da grife mineira Lucas Magalhães. Crédito: Divulgação
A atriz, intérprete e ex-modelo Elke Maravilha, 70, posa para a campanha de inverno 2015 da grife mineira Lucas Magalhães. Crédito: Divulgação

“As culturas antigas me inspiram até hoje. Ao longo de 40 anos venho montando um colar com quase 500 peças que vai dos ombros até a coxa. Chamo de “colar sagrado”. Há santos, figuras sagras, coisas da Grécia, do teatro kabuki, coisas de prata, ouro, madeira, um caralho [pênis]… até a chave do cemitério de Colatina, no Espírito Santo, tem.

Comecei a montá-lo após comprar uma corrente enorme toda de prata e com uma figa pendurada que comprei no Mercado Modelo, em Salvador. Daí, pelas influências profanas e sagradas com as quais me identifico, fui juntando objetos.

Nasci na Rússia, então, é claro, há várias referências bizantinas. De Minas Gerais, onde fui criada, há vários objetos barrocos. É uma peça muito íntima, não a uso em shows, por que é extremamente pesada e o barulho dos penduricalhos intervém na hora de cantar.

Às vezes peço emprestado algum objeto para usá-lo em algum evento, mas sempre devolvo, viu.

Apesar de ter sido modelo, nunca acompanhei moda. Eu tenho roupa que uso por várias décadas, mas nunca me atrelei de verdade a ela. Tudo o que visto e já vesti faz parte de mim, sou eu. Se me visto de algum jeito e vira moda, já mudo tudo e paro de usar.

Vou te dizer, hoje tudo parece uniforme, todo mundo se veste de um jeito igual e com roupas iguais. Chato, né?”