Peladas e montadas no baile

Por Pedro Diniz

Terminada a temporada de desfiles nacional (verão 2016) e internacional (inverno 2016), o radar da moda apontou para duas cerimônias que são pratos cheios para quem curte espiar (e criticar) os looks das celebridades no tapete vermelho: o baile do MET, em abril, e o prêmio do Conselho de Estilistas da América (CFDA), no início deste mês.

Ambos os eventos, realizados em Nova York, mostraram uma vontade das mulheres de tirar a ferrugem das produções minimalistas desfiladas em tapetes vermelhos um tanto caretas, como os do Globo de Ouro, do Emmy e do Oscar.

Se nas premiações do cinema e da televisão errar o look é considerado quase um atestado de incompetência — fator que explica o porquê de tantas atrizes preferirem colocar na mão de estilistas a escolha da produção –, nas festas da moda o recato é proibido.

O peladismo, onda iniciada no ano passado com a febre dos vestidos fendados, alcançou um patamar de exposição tão grande que os vestidos apareceram totalmente transparentes e trabalhados com aplicações de pedras, costuradas apenas para esconder as partes íntimas.

As cantoras Beyoncé e Jennifer Lopez e a socialite Kim Kardashian mostraram tanta pele no tapete vermelho que pareciam competir pelo título de melhor globeleza do hemisfério Norte. Os críticos de moda e a patrulha virtual não perdoaram a escolha do trio pelo visual “excessivamente pelado”.

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Ninguém comentou, porém, que a superexposição do corpo tem tudo a ver com o momento de exibicionismo nas redes sociais. Kardashian, aliás, foi escolhida pelo CFDA para entregar o prêmio de “Mídia do Ano” ao fundador do Instagram, Kevin Systrom.

A escolha não foi aleatória, afinal, a mulher do rapper Kanye West acaba de lançar pela editora Rizzoli o livro “Selffish”, só com selfies publicadas em sua conta de 36 milhões de seguidores no aplicativo de fotos.

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Também houve espaço para algumas extravagâncias. No baile do MET, Rihanna usou um vestido amarelo que demorou dois anos para ser confeccionado segundo a estilista chinesa Guo Pei.

A cauda longa e toda trabalhada à mão pode até ter sido comparada a um omelete nas redes sociais, mas só a ousadia valeu a pena os 35kg que a cantora pop teve de carregar na premiação.

A ordem era causar. E até Anne Hathaway, a mocinha minimalista de Hollywood, foi de longo dourado arrematado com um capuz tipo Princesa Leia, personagem da saga “Star Wars”. O look usado pela atriz era da grife Ralph Lauren e vai de encontro à tendência dourada da moda festa.

Looks completos cor de ouro ora misturados ao branco — onipresente no Oscar do ano passado –, foi a escolha de várias celebridades. No prêmio do CFDA, a cantora Janelle Monae jogou detalhes barrocos no vestido com capa do estilista Tadashi Shoji.

A modelo Gigi Hadid, por sua vez, mostrou que é possível deixar de lado o vestido longo e investi num macacão em noites de gala. Todo dourado com detalhes em poá, bem no estilo anos 1970 que encherá as vitrines na próxima estação, não fez feio no meio de tanta montação.