Três Olimpíadas, 110 recordes brasileiros, cinco Pan-Americanos, terceiro sargento do exército e com mais de mil medalhas conquistadas, a paulista Fabíola Molina, 40, tem no currículo uma nova vitória.
Ex-nadadora e estilista, ela foi escolhida pelo Comitê Organizador Rio 2016, braço do COI (Comitê Olímpico Internacional) no país, para representar a moda praia brasileira durante os Jogos Olímpicos.
Sua grife homônima venceu a concorrência armada pelo Programa de Licenciamento Rio 2016 e produzirá as peças do look de banho que os turistas poderão comprar na capital fluminense durante o evento.
Molina não tem formação acadêmica em moda e é pouco conhecida do “mundinho fashion”, mas parece saber como nenhum outro designer de moda o que faz um biquíni e um maiô perfeitos.
Na década de 1990, incomodada com “os maiôs sem graça, ou pretos, ou azuis ou vermelhos que usava para treinar”, pediu a uma costureira de sua cidade natal, São José dos Campos (a 87 km de São Paulo), que cozesse umas peças para consumo próprio.
“Era um esquema bem ‘fundo de quintal’. Comecei a testar umas estampas, uma modelagem de alcinhas bem finas para não marcar os tecidos, bem limitados à época, e passei a treinar com as peças. As mulheres [colegas de natação] me viam na piscina e perguntavam onde eu havia comprado os maiôs. Quando pensei em largar a piscina, decidi abrir minha própria confecção com meu marido”, conta Molina.
Foi em 2004, com a ajuda do marido e também nadador Diego Yabe, 34, que Fabíola lançou seu nome no mercado. A seu favor estavam os anos de experiência na piscina — o que atraiu clientes profissionais do mundo todo — e um tecido anti-cloro da tecelagem brasileira Santaconstancia.
“A diferença entre o meu produto e o das grifes de moda praia é que os meus resistem mais tempo à química da piscina. A lycra [matéria-prima de boa parta das peças de praia à venda no varejo] dura poucas semanas se receber banho de cloro todos os dias”, explica a empresária.
Duas colegas, uma ex-nadadora e uma consumidora compulsiva, juram que os maiôs e os biquínis de Molina duram mais que a média do mercado.
“Quero unir funcionalidade com informação de moda. Das opções que tinha nos guias visuais [enviados às empresas licenciadas pela organização dos Jogos Olímpicos], usei a maioria. Criei apenas uma estampa gráfica com um degradê de cores para aplicar numa peça”, diz Molina, que “tira da cabeça a ideia das peças” para, depois, criá-las em programas de computador.
Mais de 60% da produção de sua marca é vendida numa loja virtual, e o restante, em multimarcas brasileiras e no único ponto próprio, em São José dos Campos. Os itens criados para os jogos custarão entre R$ 120 (maiô) e R$ 200 (biquíni), valores um pouco maiores que os R$ 135 cobrados pelo conjunto de sutiã e calcinha mais caro disponível no e-commerce da marca.