Dois documentários de moda ganharam destaque no primeiro semestre deste ano. Um por abordar as agruras na mudança do comando de uma grife histórica, e o outro, por tocar no antigo preconceito de que idosos não se encaixam dentro de padrões de estilo considerados fashion.
Ambos os temas são atuais e belicosos para a indústria da moda. Em “Dior e Eu” (2014), o francês Frédéric Tcheng conta por meio de imagens de bastidores a produção do primeiro desfile do estilista belga Raf Simons, 47, à frente da grife Christian Dior.
Nas cenas, rodadas nos ateliês da marca francesa, no museu da grife em Granville (noroeste da França) e no local do desfile, saltam da tela a insegurança de Simons em assumir uma grande casa de costura e o processo de adaptação da equipe de estilo ao novo chefe.
Veja o trailer de “Dior e Eu”
As pressões que rondam o ofício, as obrigações comerciais com clientes e a dificuldade em parir um desfile de alta-costura — o mais aguardado após a saída conturbada de John Galliano da direção criativa da Dior –, valem os 90 minutos de provas de tecidos.
Numa época de danças das cadeiras no mundo da moda, quando grifes tradicionais como a francesa Hermès e a italiana Emilio Pucci apostam suas fichas em estilistas desconhecidos para rever seus códigos de estilo e renovar sua trajetória, “Dior e Eu” é um relato sem maquiagem dessas mudanças.
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Destaque do festival de Tribeca (Nova York) no ano passado, o filme estreia no circuito comercial brasileiro no dia 27 deste mês.
ESTILO AVANÇADO
Lançado neste ano no serviço de vídeo sob demanda Netflix, o filme “Advanced Style” (2014) é outro longa que merece ser visto.
Fruto de um blog homônimo de ‘streetstyle’ (moda de rua) que mostra o estilo de idosos pelas ruas de cidades como Buenos Aires, Nova York e Sydney, o filme é dirigido pela lituana Lina Plioplyte em parceria com o próprio criador do site, o fotógrafo Ari Seth Cohen.
Veja o trailer de “Advanced Style”
Os dois saíram pelas ruas de Nova York gravando depoimentos de mulheres fashionistas com mais de 60 anos que vêm na moda a extensão da personalidade. A decoradora Iris Apfel, 93, é uma das entrevistadas de “estilo avançado”.
Colecionadora de itens de moda e peças de arte, seu estilo é tão marcante que já protagonizou campanhas de moda e teve seu nome gravado numa linha de maquiagem da grife de cosméticos M.A.C.
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A passagem do tempo e os efeitos que ele causa, tanto no corpo quanto na opinião alheia sobre o envelhecimento, são alicerces para o roteiro.
Apoiados na ideia de que o estilo transcende as possíveis barreiras da idade, Plioplyte e Cohen acabam por derrubar as regras de conduta e de beleza impostas pela indústria da moda.