5 desfiles de alta-costura para olhar de perto

Por Pedro Diniz

A temporada de alta-costura primavera-verão 2016 chegou ao fim nesta quinta-feira (28), em Paris. Já falei aqui que essas roupas, construídas durante vários meses, são os novos xodós das grifes de luxo e tão importantes para o posicionamento das marcas quanto as coleções de prêt-à-porter. Para entender mais sobre esse mundo da exclusividade e das cifras polpudas, veja cinco apresentações que devem ser vistas em tela cheia.

 

CHRISTIAN DIOR

A primeira passarela da Christian Dior sem o estilista belga Raf Simons foi montada no museu Rodin, em Paris, e quis evocar a feminilidade. Os estilistas da equipe interna da marca, Serge Ruffieux, 41, e Lucie Meier, 33, deixaram os ombros à mostra, usaram transparências e mesclaram bordados e alfaiataria, no limiar entre a fantasia proposta na era John Galliano e a rigidez do corte capitaneada por Simons. As roupas tiveram como inspiração as mulheres parisienses e são difíceis de engolir após a saída do estilista belga, mas há um esforço de respeitar os códigos da marca — a jaqueta “bar” foi reinterpretada pelos designers — e levar adiante o espírito visionário do seu fundador.

 

CHANEL

Segundo Karl Lagerfeld, estilista da grife, “Coco Chanel era a ‘Rainha do Bege’”. É da cor “nada” que ele tira quase toda a paleta do desfile, realizado num estrutura de madeira rodeada por um jardim no meio do Grand Palais, em Paris. Lagerfeld toca no conceito de moda ecológica, com uma mistura bem engendrada de materiais artesanais, como a lã orgânica, o papel reciclado e a madeira, material chave para vários looks desfilados. Uma pochete para guardar o celular é uma das peripécias do “kaiser”, que pinga um pouco de controvérsia em suas coleções. Desta vez, a sacada não prejudicou em nada o visual limpo e elegante do desfile, um dos mais bonitos da marca.

**VALE A PENA TAMBÉM CONFERIR O VÍDEO COM OS DETALHES DA COLEÇÃO***

O que deixa a alta-costura da grife ainda mais interessante é o fato de que ela é sempre feita dentro de pequenos ateliês comprados pela própria marca. Em 1997, o grupo Paraffection S.A foi criado pela Chanel para manter vivas algumas tradições têxteis que estavam se perdendo na França.

 

MAISON MARGIELA ARTISANAL

Essa coleção é uma homenagem a David Bowie, à manufatura e, principalmente, ao próprio legado do estilista que a construiu. John Galliano fez da alta-costura da Margiela um dos momentos mais aguardados dessa temporada de desfiles. Camadas de tecidos foram rasgados, remodelados e colados em diferentes formas para embaralhar os sentidos. Uma jaqueta esportiva ao avesso revela inspirações decorativistas, um vestido transparente aplicado sobre um camisão de alfaiataria tem como complemento uma bota glam. Brilho e minimalismo se encontraram na passarela e o resultado é um estudo sobre o corpo e diferentes possibilidades de encobri-lo.

 

ATELIER VERSACE

O erotismo acompanhou toda a trajetória de Donatella Versace na grife que leva o seu sobrenome, e, nesta coleção de alta-costura, ele é enrolado em tiras que formam imagens de teias de aranha. O viés esportivo comum nas últimas temporadas da marca apareceu em jaquetas curtas com gola de moletom e tops minúsculos. Os materiais variavam de couro a uma mistura química de gel endurecido. Dos anos 1980, Donatella pesca cores acesas em contraste com o preto e alguns vestidos curtos, com várias aberturas, colados no corpo.

 

ARMANI PRIVÉ

Uma das grifes preferidas das celebridades nas premiações de Hollywood olha para o movimento das ondas e a gravidade para mostrar uma coleção cheia de detalhes difíceis de modelar. Sedas leves com pregas, cortes que experimentam opor volumes e comprimentos e algumas sobreposições de babados compõem a mistura proposta por Armani. Uma mão inexperiente poderia fazer deste jogo um desastre espalhafatoso, mas como se levado pela ação do vento sobre o tecido, o estilista esculpe peças glamorosas com efeitos de cor — na maior parte das vezes, um tom de lilás claro — e formas simétricas dentro de um conjunto de assimetria.