Roupas já combatem zika, não precisam ser lavadas e podem medir frequência cardíaca

Por Pedro Diniz

Na corrida do varejo de moda há várias invenções que prometem revolucionar a forma com a qual o cliente se relaciona com a roupa. Brilhar no escuro, como o vestido de Claire Danes no último baile do MET, ou mudar de cor, são apenas artifícios estéticos que passam longe do alcance das novas tecnologias aplicadas ao vestuário.

Já no primeiro mês deste ano a fabricante têxtil japonesa Toray anunciou o lançamento de um tecido que, a partir de nanofibras com alto poder de condutividade elétrica, mede a frequência cardíaca do usuário e a quantidade de calorias que ele gastou enquanto vestia a roupa.

Protótipo do tecido Hitoe, da tecelagem japonesa Toray, que mede frequência cardíaca do usuário. Crédito: Divulgação
Protótipo do tecido Hitoe, da tecelagem japonesa Toray, que mede frequência cardíaca do usuário. Crédito: Divulgação

O Hitoe, como foi batizado o tecido, deverá funcionar com um aplicativo para smartphone com previsão de ser lançado até o fim deste ano pela empresa japonesa de telefonia NTT.

Tecnologias vestíveis como essa se desenvolvem no mesmo ritmo que a indústria têxtil aprofunda pesquisas para criar materiais que protegem a saúde ou facilitam o dia dia do consumidor.

Acaba de ser lançado, no Brasil, o primeiro jeans que não precisa ser lavado com frequência. A mineira Cedro Têxtil apresentou neste mês o “No Wash”, um denim que dispensa o uso da água em sua confecção e possui um acabamento inibidor de micróbios que aguentaria, segundo a empresa, até 50 lavagens caseiras.

Peças da Cedro Têxtil com a tecnologia No Wash, que espanta micróbios e diminuiu a necessidade de lavagens. Crédito: Divulgação
Peças da Cedro Têxtil com a tecnologia No Wash, que espanta micróbios e diminuiu a necessidade de lavagens. Crédito: Divulgação

Essa camada anti-bacteriana garante a limpeza duradoura do tecido – sem acúmulo de organismos vivos, ele não expele mau cheiro – e a necessidade de lavagem apenas com sujeira extrema.

Mais longe ainda foi a Santista Jeanswear, que criou duas linhas de uma tecnologia intitulada Repeller, que teria o mesmo efeito de repelentes usados na pele contra mosquitos.

O foco no mercado brasileiro é o combate ao Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika vírus, febre amarela e chikungunya. Segundo a empresa, os tecidos têm certificação do laboratório CHT/Bezema, grupo químico que fornece a permetrina usada nas fibras.

Roupas da linha Repeller da Santista Jeanswear. Crédito: Divulgação
Roupas da linha Repeller, da Santista Jeanswear, que promete combater o mosquito Aedes Aegypti. Crédito: Divulgação

A permetrina é uma substância encontrada nos repelentes à venda em supermercados e nos xampus mata piolhos. Segundo a tecelagem, quando o mosquito entra em contato com o tecido ou é “nocauteado” para fora ou morto na trama. Ainda de acordo com a empresa, a substância não oferece risco às grávidas.

Outro composto, só que natural, também está sendo usado pela indústria da moda para combater os mosquitos. A citronela é a base de uma linha de roupas para gestantes lançada em março deste ano pela marca Megadose.

De acordo com a “bula” da roupa, explicada no site da empresa, a solução de citronela impregnada nas tramas da linha “Megadose Cares” funcionaria por até 20 lavagens.

Conjunto de linho da linha para gestantes da grife Megadose. O tecido contém citronela, que repele mosquitos. Crédito: Reprodução
Conjunto de linho da linha para gestantes da grife Megadose. O tecido contém citronela, que repele mosquitos. Crédito: Reprodução