Ex-estilista da Calvin Klein assina figurino na abertura da Paraolimpíada

Por Pedro Diniz

O estilista mineiro Francisco Costa, 52, assinou as roupas das crianças escaladas para carregar a bandeira paralímpica na cerimônia de abertura dos Jogos, que começa às 18h15 desta quarta-feira (7), no Rio.

Designer brasileiro de maior projeção internacional e ex-estilista da Calvin Klein, grife da qual foi diretor criativo até abril deste ano, Costa vestirá oito crianças com deficiência motora e seus respectivos pais.

Os adultos deverão usar ternos brancos de corte minimalista e inspiração esportiva, conceito comum ao trabalho do estilista. Feito de malha, o conjunto será unido a um colete que a criança vestirá para, a partir dos movimentos do pai, reproduzi-los.

Ternos que serão usados pelos pais das crianças que carregarão a bandeira Paraolímpica. Crédito: Divulgação
Ternos que serão usados pelos pais das crianças que carregarão a bandeira Paraolímpica. Crédito: Divulgação

As roupas infantis foram confeccionadas com as cores branco, azul, verde e vermelho, que compõem a bandeira paralímpica.

Uma das botas do par usado pela criança será unida ao calçado do pai, para que ela ande. O acessório foi chamado de “bota do mundo”.

“Será um esforço dos dois, tanto do pai quanto da criança. A ideia é contar a história deles, unidos, e simbolizar a quebra do paradigma de que elas [as crianças com deficiência] não têm oportunidades”, diz Costa à Folha.

Segundo ele, o desafio, “simples de executar”, foi unir o trabalho de design com a técnica de levar alta funcionalidade à roupa.

Coletes que serão usados por crianças com deficiência motora. As roupas foram criadas pelo estilista Francisco Costa. Crédito: Divulgação
Coletes que serão usados por crianças com deficiência motora. As roupas foram criadas pelo estilista Francisco Costa. Crédito: Divulgação

NOVA ‘CASA’

O estilista também anunciou sua volta ao ateliê de costura. Dentro de “seis a oito meses” ele iniciará o trabalho em uma nova marca.

Costa não revelou se será em uma grife própria ou se assumirá o cargo de diretor criativo de uma etiqueta já consolidada, como fez com a divisão feminina da Calvin Klein em 2003. “Será uma evolução do meu trabalho, algo novo e com uma cara nova”, afirma.

Desde sua saída da grife, “que já preparava a mudança de diretoria há muito tempo”, outros convites apareceram. “Rejeitei porque não estava nos meus planos.”

Sobre o novo estilista da marca, o belga Raf Simons (ex-Christian Dior), Costa é só elogios. “Gosto bastante, espero que tenha sucesso”. Um sucesso que, ele frisa, já conseguiu.

“Peguei uma companhia [a Calvin Klein] que valia US$ 700 mil e a levei a US$ 8 bilhões. Foi algo incrível. Sugeri ao novo presidente [o nova-iorquino Steven B. Shiffman] que era hora de mudar, reformular, porque havia muita gente atuando no estilo [além dele, o italiano Italo Zuchelli cuidava das coleções masculinas]. Foi o que aconteceu.”

Desfile? “Ainda não. Seria colocar o carro na frente dos bois.”