Cinco fatos nada glamorosos sobre a semana de moda de Paris

Por Pedro Diniz

Nem só de ostentação vivem aqueles que transitam pelos desfiles de verão 2017 da semana de moda de Paris. Na sombra dos flashes, algumas verdades nada glamorosas vêm à tona. Confira algumas.

 

1. Bola furada

Menina dos olhos das grifes estrangeiras desde 2010, o Brasil “Bola da Vez” está saindo do radar da moda internacional. O termômetro da queda é a lista enxuta de brasileiros convidados para os desfiles. As cotas para o país diminuíram pela metade em apresentações como as das etiquetas Louis Vuitton e Chanel.

Não está fácil nem para as blogueiras – ou “digital influencers” (influenciadoras digitais), como preferem ser chamadas. Tem menina doando meio guarda-roupa para quem se dispuser a dar “aquele jeitinho” para ganhar convite.

Comenta-se que, para algumas marcas, a redução tem a ver com o tombo nas vendas. Com o agravamento da crise no país, as lojas não estariam lucrando como esperado. Algumas, aliás, teriam prejuízos milionários.

 

2. Ombros & Flores

Uma manga longa daqui, um camisolão acolá, mas o que pegou mesmo nas passarelas desde a semana de moda de Nova York foi a blusinha de um ombro só. E flores, muitas flores por todos os lados. “Flores, na primavera, que inovador”, diria Miranda Priestley do filme “O Diabo Veste Prada” (2006).

Teve até o combo blusinha florida de um ombro no desfile da estilista “hype” Isabel Marant. “Uma hora é roupa de dormir, outra hora pra dançar merengue”, desabafou uma editora no pé do ouvido deste colunista.

 

3. Sinal vermelho

Paris é que nem São Paulo. Choveu, todo mundo desaprende a dirigir. O trânsito nesse tempo instável de 9ºC à noite e sensação térmica de 30ºC nas tardes chuvosas ficou tão caótico que houve pé grifado arrastando a sola vermelha no metrô.

Nem os carros da Uber deram conta de pegar as moças nas portas dos desfiles. A espera mínima girou em torno de 30 minutos às 18h desta sexta-feira (30), horário de pico na cidade. Táxi? Entra na fila.

 

4. Desfile virtual

Ver um desfile, hoje, significa aumentar seguidores. Snapchat, Instagram, Periscope e Twitter substituíram o bloquinho e a caneta. Não há pacote de dados que dure com tantas entradas ao vivo e posts do último minuto.

É tanto smartphone levantado que, se alguém não senta na primeira fila, corre o risco de ver o desfile na tela do celular de quem estiver na frente.

Na apresentação de Hussein Chalayan, uma convidada insatisfeita ouviu um “não me toque, estou ao vivo” quando chamou a atenção do colega da frente que levantou cinco vezes para gravar o melhor ângulo.

 

5. Comida ‘fashion’

Se é verdade que Paris é o melhor lugar do mundo para comer bem, boa parte dos fashionistas não sabe disso. À tarde, a parada obrigatória é no lotado Angelina, no meio da rue de Rivoli, cujas atrações são os doces de até R$ 60. Já à noite, as mesas dos cafés Le Deux Magots e Flore, na boulevard Saint-Germain, não dão conta de tanta pose.

O “Magots” serve uma famosa torta de maçã por R$ 40 a fatia, e o “Flore”, além de drinques grifados, uma sopa de cebola de R$ 80 e um “croque-mounsieur”, o misto quente francês, pelo mesmo preço. Comida mesmo, só na imaginação.