Peça Únicachanel – Peça Única http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br por Pedro Diniz Fri, 04 Nov 2016 04:00:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Neto de Fidel Castro deve desfilar para Chanel em Cuba http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/05/03/neto-de-fidel-tony-castro-deve-desfilar-para-chanel-em-cuba/ http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/05/03/neto-de-fidel-tony-castro-deve-desfilar-para-chanel-em-cuba/#respond Tue, 03 May 2016 20:05:22 +0000 http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/files/2016/05/neto-fidel-180x120.jpg http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/?p=2008 Marcado para começar às 19h30 (horário de Brasília) desta terça-feira (3), o desfile de Cruise 2016-2017 da grife Chanel em Cuba não deverá simbolizar apenas a abertura da ilha caribenha ao mundo do luxo, mas também a estreia internacional de um modelo ilustre.

Segundo o site “Ciber Cuba”, Tony Castro, 19, neto do ex-ditador Fidel Castro, 89, foi convidado pela marca francesa a desfilar no Paseo del Prado, em Havana, onde ocorrerá a apresentação capitaneada pelo estilista Karl Lagerfeld.

O 'modelo' Tony Castro, 19, neto do ex-ditador Fidel Castro, deve desfilar para grife Chanel nesta terça-feira (3), em Havana. Crédito: Brian Canelles/Reprodução
O ‘modelo’ Tony Castro, 19, neto do ex-ditador Fidel Castro, deve desfilar para grife Chanel nesta terça-feira (3), em Havana. Crédito: Brian Canelles/Reprodução

Apesar de já ter posado para um amigo fotógrafo em uma sessão nas ruas da capital cubana, o jovem de cabelos longos não é modelo profissional.

Desde ontem pipoca na internet a informação de que o garoto, filho do vice-presidente da Federação Internacional de Beisebol de Cuba, Antonio Castro, desfilará para a etiqueta. Procurada, a grife não nega a notícia, mas não quis dar detalhes da “surpresa”. Editores de moda presentes em Cuba dão como certa a “participação especial”.

O Hotel Nacional de Cuba, que pertence ao governo cubano, está cheio de celebridades da moda convidadas pela marca. Nesta tarde, a modelo brasileira Gisele Bündchen e a editora francesa Carine Roitfeld já postaram nas redes sociais fotos suas em pontos turísticos de Havana.

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5 desfiles de alta-costura para olhar de perto http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/01/28/%ef%bb%bf%ef%bb%bf5-desfiles-de-alta-costura-para-olhar-de-perto/ http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/01/28/%ef%bb%bf%ef%bb%bf5-desfiles-de-alta-costura-para-olhar-de-perto/#respond Thu, 28 Jan 2016 22:01:28 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14211294.jpeg http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/?p=1811 A temporada de alta-costura primavera-verão 2016 chegou ao fim nesta quinta-feira (28), em Paris. Já falei aqui que essas roupas, construídas durante vários meses, são os novos xodós das grifes de luxo e tão importantes para o posicionamento das marcas quanto as coleções de prêt-à-porter. Para entender mais sobre esse mundo da exclusividade e das cifras polpudas, veja cinco apresentações que devem ser vistas em tela cheia.

 

CHRISTIAN DIOR

A primeira passarela da Christian Dior sem o estilista belga Raf Simons foi montada no museu Rodin, em Paris, e quis evocar a feminilidade. Os estilistas da equipe interna da marca, Serge Ruffieux, 41, e Lucie Meier, 33, deixaram os ombros à mostra, usaram transparências e mesclaram bordados e alfaiataria, no limiar entre a fantasia proposta na era John Galliano e a rigidez do corte capitaneada por Simons. As roupas tiveram como inspiração as mulheres parisienses e são difíceis de engolir após a saída do estilista belga, mas há um esforço de respeitar os códigos da marca — a jaqueta “bar” foi reinterpretada pelos designers — e levar adiante o espírito visionário do seu fundador.

 

CHANEL

Segundo Karl Lagerfeld, estilista da grife, “Coco Chanel era a ‘Rainha do Bege’”. É da cor “nada” que ele tira quase toda a paleta do desfile, realizado num estrutura de madeira rodeada por um jardim no meio do Grand Palais, em Paris. Lagerfeld toca no conceito de moda ecológica, com uma mistura bem engendrada de materiais artesanais, como a lã orgânica, o papel reciclado e a madeira, material chave para vários looks desfilados. Uma pochete para guardar o celular é uma das peripécias do “kaiser”, que pinga um pouco de controvérsia em suas coleções. Desta vez, a sacada não prejudicou em nada o visual limpo e elegante do desfile, um dos mais bonitos da marca.

**VALE A PENA TAMBÉM CONFERIR O VÍDEO COM OS DETALHES DA COLEÇÃO***

O que deixa a alta-costura da grife ainda mais interessante é o fato de que ela é sempre feita dentro de pequenos ateliês comprados pela própria marca. Em 1997, o grupo Paraffection S.A foi criado pela Chanel para manter vivas algumas tradições têxteis que estavam se perdendo na França.

 

MAISON MARGIELA ARTISANAL

Essa coleção é uma homenagem a David Bowie, à manufatura e, principalmente, ao próprio legado do estilista que a construiu. John Galliano fez da alta-costura da Margiela um dos momentos mais aguardados dessa temporada de desfiles. Camadas de tecidos foram rasgados, remodelados e colados em diferentes formas para embaralhar os sentidos. Uma jaqueta esportiva ao avesso revela inspirações decorativistas, um vestido transparente aplicado sobre um camisão de alfaiataria tem como complemento uma bota glam. Brilho e minimalismo se encontraram na passarela e o resultado é um estudo sobre o corpo e diferentes possibilidades de encobri-lo.

 

ATELIER VERSACE

O erotismo acompanhou toda a trajetória de Donatella Versace na grife que leva o seu sobrenome, e, nesta coleção de alta-costura, ele é enrolado em tiras que formam imagens de teias de aranha. O viés esportivo comum nas últimas temporadas da marca apareceu em jaquetas curtas com gola de moletom e tops minúsculos. Os materiais variavam de couro a uma mistura química de gel endurecido. Dos anos 1980, Donatella pesca cores acesas em contraste com o preto e alguns vestidos curtos, com várias aberturas, colados no corpo.

 

ARMANI PRIVÉ

Uma das grifes preferidas das celebridades nas premiações de Hollywood olha para o movimento das ondas e a gravidade para mostrar uma coleção cheia de detalhes difíceis de modelar. Sedas leves com pregas, cortes que experimentam opor volumes e comprimentos e algumas sobreposições de babados compõem a mistura proposta por Armani. Uma mão inexperiente poderia fazer deste jogo um desastre espalhafatoso, mas como se levado pela ação do vento sobre o tecido, o estilista esculpe peças glamorosas com efeitos de cor — na maior parte das vezes, um tom de lilás claro — e formas simétricas dentro de um conjunto de assimetria.

 

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Grife Dolce & Gabbana lança véus e túnicas para muçulmanas http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/01/05/grife-dolce-gabbana-lanca-veus-e-tunicas-para-muculmanas/ http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/01/05/grife-dolce-gabbana-lanca-veus-e-tunicas-para-muculmanas/#respond Tue, 05 Jan 2016 20:47:21 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14211294.jpeg http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/?p=1682 Atenta ao mercado do Oriente Médio, que consome mais de R$ 40 bilhões por ano em itens de moda, a grife italiana Dolce & Gabbana lançou nesta semana sua primeira coleção de hijabs (véus) e abayas (túnicas) para mulheres muçulmanas.

Os estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana, que em 1980 levaram o sexo à passarela por meio de peças provocantes e muita pele à mostra, seguiram os passos de grifes como a francesa Chanel e as americanas Tommy Hilfiger e Monique Lhuillier para garantir o sucesso nas prateleiras do Oriente Médio.

As roupas da linha especial, assim como as das outras grifes do ocidente, carregam a identidade da marca. As peças têm rosas e a mistura de preto e bege usada na coleção de verão 2016, além de adaptadas do armário das muçulmanas com tecidos nobres.

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Toda feita com georgette de seda e cetim, a coleção apresenta também detalhes em renda, no quais uma tela foi costurada por baixo para garantir que nenhuma parte do corpo apareça.

Leia Mais: Garotas muçulmanas têm seus véus puxados em Paris

O anúncio oficial da coleção foi dado no ano passado na conta de Setefano Gabbana no Instagram, mas só agora o portal Style.com/Arabia, um dos mais famosos do Oriente Médio, divulgou as imagens da campanha.

Não há notícia desse tipo de iniciativa no país. Apesar de a Texbrasil, braço da Apex-Brasil responsável por estimular as exportações da moda brasileira, ter definido a região como prioritária nos últimos cinco anos, as grifes nacionais não parecem dispostas a criar peças exclusivas para clientes muçulmanos.

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De roupa indígena a fone de ouvido, grifes fazem de 2015 o ano da cópia http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2015/12/16/de-roupa-indigena-a-fone-de-ouvido-grifes-fazem-de-2015-o-ano-da-copia/ http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2015/12/16/de-roupa-indigena-a-fone-de-ouvido-grifes-fazem-de-2015-o-ano-da-copia/#respond Wed, 16 Dec 2015 21:21:14 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14211294.jpeg true http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/?p=1592 Mais uma vez a questão do plágio, da cópia e da inspiração é assunto no mundo da moda. A grife francesa Chanel foi forçada a admitir, na semana passada, ter usado peças de uma desconhecida estilista escocesa para produzir a última coleção “Métier’s d’Art”, apresentada em 1º de dezembro num estúdio da Cinecittà, em Roma (Itália), sem autorização da designer.

No desfile, elogiado pela crítica especializada e que tem como objetivo valorizar o trabalho artesanal das empresas mantidas pela Chanel, modelos mostraram suéteres de malha estampados com padrões típicos de Fair Ilsle, nas ilhas Shetland, onde está localizado o ateliê da pequena malharia.

Veja o desfile Paris in Rome 2015/2016, do projeto Métier’s d’Art da Chanel:

Não tardou até a estilista britânica Mati Ventrillon reivindicar a autoria das peças por meio das redes sociais. Em uma postagem na rede social Facebook, Ventrillon contou que dois estilistas da equipe de Karl Lagerfeld visitaram sua loja meses antes do desfile e levaram peças para pesquisa. Ela lhes vendeu com a condição de que não seriam usadas na coleção.

Modelos vestem malharia copiada de peças da estilista escocesa Matti Ventrillon. Youssef Boudlal/Reuters
Modelos vestem malharia da Chanel, copiada de peças da estilista escocesa Matti Ventrillon, no desfile Métiers d’Art 2015/2016; a apresentação ocorreu no estúdio 5 da Cinecittá, em Roma (Itália). Youssef Boudlal/Reuters
Peça da escocesa Mati Ventrillon com padrões característicos das ilhas Shetland. Reprodução
Peça da escocesa Mati Ventrillon com padrões característicos de Fair Isle, nas ilhas Shetland. Facebook Mati Ventrillon/Reprodução

O furdunço virtual causado pela acusação de plágio levou a Chanel a se retratar publicamente, dizendo que houve “uma falha na comunicação entre as equipes”, e afirmar que dará o crédito “Matti Ventrillon Design” no trabalho de comunicação da Métiers d’Art 2015.

Em um texto publicado no canal oficial da Chanel, a grife diz que “as malhas feitas por Mati Ventrillon refletem essa herança [de Fair Isle] que relembra os tempos em que os habitantes da ilha navegavam o mundo, entre América e Europa, enquanto em casa, suas mulheres passavam horas inventando novos e ainda mais padrões originais”.

A atitude da grife em reconhecer a cópia dos modelos de Mati Ventrillon foi justa e, principalmente, inteligente. Além de mostrar preocupação em dar crédito aos pequenos produtores de moda, a grife se safou de uma encrenca maior, como a que a estilista francesa Isabel Marant se meteu.

O lançamento de uma blusa estampada com motivos tribais da Isabel Marant Étoile (segunda grife da estilista), no ano passado, deixou irritada a marca francesa Antik Batik, que abriu um processo judicial  contra a etiqueta alegando plágio de uma das estampas usadas na coleção de primavera-verão 2015.

No texto de defesa, a grife Isabel Marant afirma que não copiou a conterrânea pelo fato de  a estampa ter sido “inspirada” numa pintura de 600 anos da tribo Mixe de Santa Maria Tlahuitoltepec, localizada na região de Oaxaca, no México.

Peça de Isabel Marant que teria sido "copiada" de desenhos ancestrais da tribo mexicana Mixe de Oaxaca. A blusa não está mais disponível para compra no site Net-a-Porter, que a vendia por quase R$1 mil. Reprodução
Peça de Isabel Marant que teria sido “copiada” de desenhos ancestrais da tribo mexicana Mixe, de Oaxaca. A blusa não está mais disponível para compra no site Net-a-Porter, que a vendia por quase R$1 mil. Net-a-porter/Reprodução
Mulher da tribo indígena mixe usa blusa com bordado original de Santa María Tlahuitoltepec, em Oaxaca, no México. EF-Félix Reyes Matías/Efe
Mulher da tribo indígena mixe usa blusa com bordado original de Santa María Tlahuitoltepec, em Oaxaca, no México. EF-Félix Reyes Matías/Efe

Findado o processo entre as duas marcas, membros da comunidade de artesãos da cidade mexicana acusaram as francesas de tentar roubar os direitos de uso dos padrões. Em junho, segundo jornais locais, o governo francês teria enviado um documento para a prefeitura de Santa Marica Tlahuitoltepec pedindo que as artesãs locais parassem de usar as padronagens em suas peças, alegando que Marant teria conseguido patentear os desenhos.

A estilista negou o pedido de patente e o prefeito que teria recebido a notificação desmentiu a notícia. Não foi suficiente e tanto a Antik Batik, que saiu à francesa e não comentou mais o assunto, quanto a Isabel Marant foram alvo de críticas furiosas. O site Revolución 3.0 tem um artigo completo sobre o assunto.

A diferença entre o caso Chanel e o das grifes Antik Batik e Isabel Marant Étoile é o tratamento dado aos artistas que originaram as coleções. O descaso inicial das duas últimas com a herança estética do povo indígena vai de encontro à política da moda em dar o crédito às inspirações, mesmo que elas estejam sob domínio público, como é o caso dos desenhos mexicanos.

Quando percebeu o erro, a Chanel prontamente pediu desculpas a Mati Ventrillon pelo mal entendido, mesmo que a estilista ainda tenha subsídio para acionar judicialmente a empresa e pedir indenização pela inquestionável similaridade entre as roupas.

TERRA SEM LEI

Mesmo que pense em ir a juízo, Matti Ventrillon terá de lidar com a complicada relação entre a moda e a cópia. É que não existe no mundo uma legislação específica que proteja os direitos de criações de moda. Afinal, calça, blusa, vestido, camiseta, calcinha, sutiã, cueca… tudo relacionado à funcionalidade da roupa já teria sido criado aos olhos da justiça. O que pode ser patenteado, no entanto, são as estampas, as cores e as padronagens, com legislações diferentes para cada país onde o pedido é feito.

Para fugir de acusações de plágio, muitas grifes, estilistas e redes varejistas costumam definir as semelhanças como “inspirações”. Na moda, convencionou-se usar o termo “inspired” para toda peça similar a uma outra já criada. Em 2013, após os donos das grifes Reserva e Osklen trocarem ofensas em suas contas no Instagram por causa do assunto, o debate voltou à tona no país.

O imbróglio sobre direitos autorais na moda pode durar anos e, geralmente, quem se sente lesado sai perdendo. O designer Christian Louboutin acionou a justiça, em 2010, para pedir indenizações da marca francesa Yves Saint Laurent  e da brasileira Carmen Steffens. O motivo? Ambas teriam usado em suas peças o famoso solado vermelho dos sapatos Louboutin. O designer de sapatos perdeu a causa após longa disputa judicial.

Relembre o caso na entrevista que Chrisitan Louboutin concedeu à “Serafina”.

Quem também saiu perdendo nesse tipo de disputa foi a artista plástica colombiana Adriana Duque. Ela acusou a grife Dolce & Gabbana de plagiar fones de ouvido de sua autoria para usá-los como adorno no desfile de inverno 2016 da marca, realizado na semana de moda de Milão, em março deste ano.

As peças, cravejadas de pérolas e pedrarias luxosas, remetem ao barroco europeu que Duque explorou em suas séries de fotos Iconos e Iconos II. As fotos da artista retratam crianças em poses, roupas e situações “inspiradas” em quadros do século 16.

Quadro da série "Iconos" da artista colombiana Adriana Duque. Divulgação Zipper Galeria
Quadro da série “Iconos” da artista colombiana Adriana Duque. Divulgação Zipper Galeria
Modelo desfila fone de ouvido barroco, similar ao de Adriana Duque, na passarela de inverno 2016 da grife Dolce & Gabbana, durante a semana de moda de Milão, em março. Filippo Monteforte/France Presse
Modelo desfila fone de ouvido barroco, similar ao de Adriana Duque, na passarela de inverno 2016 da grife Dolce & Gabbana, durante a semana de moda de Milão, em março. Filippo Monteforte/France Presse

Entre o dito pelo não dito, 2015 foi um dos anos mais “inspired” para a moda.

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8 desfiles para entender a nova alta-costura http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2015/01/30/8-desfiles-para-entender-a-nova-alta-costura/ http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2015/01/30/8-desfiles-para-entender-a-nova-alta-costura/#respond Fri, 30 Jan 2015 23:43:23 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14211294.jpeg http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/?p=835 Dentro do “mundo da moda” há um outro mundo tão distante e inacessível aos consumidos que não está nem nos editoriais das revistas especializadas nem na cobertura dos jornais diários.

A alta-costura é envolta em mistério, tanto sobre o processo de manufatura das roupas, feitas sob encomenda, quanto sobre quem são esses clientes capazes de pagar milhares de dólares numa peça única.

Na temporada verão 2015 de “haute couture”, termo francês para essas coleções exclusivas, que terminou na quinta (29), em Paris, algumas das maiores grifes do mundo apresentaram seu guarda-roupa exclusivo.

Veja desfiles da temporada verão 2015 de alta-costura:

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Antes, a Maison Margiela – antiga Maison Martin Margiela – mostrou em Londres sua primeira coleção couture criada pelo gibraltino John Galliano. O estilista, ex-Christian Dior, foi anunciado em outubro do ano passado como primeiro diretor criativo da grife após a saída de Martin Margiela.

Há dois motivos óbvios para explicar o momento aquecido do mercado de alta-costura, no qual  “maisons” como Chanel e Dior reformulam suas silhuetas e apostam em materiais nobres para conquistar cifras polpudas.

(Leia depoimento de Bruno Pavlovsky, presidente da Chanel, à Folha)

O primeiro ponto é que há mais ricos no mundo. Segundo relatório da Oxfam, organização que cria campanhas contra a pobreza, a desigualdade entre ricos e pobres subiu após a crise financeira mundial de 2008.

De 2009 a 2014, de acordo com o estudo, o número de bilionários no mundo passou de 793 para 1.645. Milionários ficaram ainda mais ricos, pobres ficaram mais pobres.

O resultado disso, para a moda, é que ou há roupas caras ou roupas baratas. O meio termo, ao que parece, sairá de moda. (Leia a opinião dos estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana sobre o assunto em entrevista concedida à Folha)

Outro motivo desse retorno triunfal da ideia de exclusivo, no sentido literal da palavra, é a força que a “fast fashion” ganhou desde o início dos anos 2000.

Em dez anos de parcerias, quase todos os estilistas renomados já desenharam coleções para redes de lojas populares e o acesso à informação de moda, pelo menos no hemisfério norte, é assimilada com rapidez pelos consumidores de todas as classes sociais.

A Rússia e os países asiáticos representam boa parte do faturamento dessas grifes. Não à toa, marcas como Valentino e Armani pescaram referências desses países para suas coleções de alta-costura.

Os estilistas Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli, da Valentino, buscaram no rebusco da indumentária das czarinas o centro de sua coleção inspirada no amor. A Armani Privé, por sua vez, desfilou peças com referências à flora ilustrada nos desenhos japoneses do período Edo (1603-1853).

Abaixo, veja como as grifes trabalharam seus códigos e referências nas coleções de alta-costura:

1 – Armani Privé

Aos 80 anos o italiano Giorgio Armani mostrou toda sua destreza para criar looks de tapete vermelho. Não apenas pelos vestidos minuciosamente construídos com organza e amarrados com laços que reverenciam os quimonos japoneses, mas também pelo apuro no jogo de proporções, que variam do longo tomara que caia a um conjunto de jaqueta estampada e saia. Armani soube transformar o peso das assimetrias e das cores fechadas em uma dança de tecidos rígidos e leves.

2 – Atelier Versace

De pele Donatella Versace entende. O desfile de alta-costura de sua grife deixou à mostra os limites da exposição do corpo em vestidos cujos cortes seguem as curvas femininas. Estrela do último Globo de Ouro, a marca vestiu diversas celebridades no tapete vermelho da premiação pela sensualidade velada que Donatella sabe criar. A mistura de tecidos metalizados e os blocos de cores opacas, com destaque para o preto, o azul e o vermelho.

Veja desfile de alta-costura do verão 2015 da Atelier Versace:

3 – Chanel

Na contracorrente da imagem de vestidos longos, cheios de brilho e transparências que as pessoas têm sobre a alta-costura, o estilista Karl Lagerfeld continua a alinhavar uma nova forma de pensar a alta-costura. Além de aproximar esse universo restrito ao do prêt-à-porter, os vestidos aparentemente simples e o tom quase “street” da coleção de saias e tailleurs redefinem o conceito de exclusividade. No conto de fadas de Lagerfeld, as mulheres vestem na festa o que vestiriam na rua. Uma rua chique, claro.

Veja desfile de alta-costura do verão 2015 da Chanel:

4 – Dior

Desde que assumiu a casa mais prestigiada da França, o belga Raf Simons expurga o legado do seu antecessor, John Galliano, com  a recontrução do “new look”, o conjunto de saia mídi e jaqueta (a “bar”) criado por Christian Dior nos anos 1940. A inspiração em David Bowie e na mutação do estilo do músico ao longo das décadas resultou numa coleção que remete aos looks de Bowie das décadas de 1960, 70, 80 e 90 revistas com o olhar preciso de construção que Simons empreende na grife.

Veja desfile de alta-costura do verão 2015 da Dior:

5 – Elie Saab

Faz todo sentido que o libanês seja um dos estilistas mais queridos das celebridades em tapetes vermelhos como o do Oscar, do Globo de Ouro e do Emmy. Saab é um dos poucos a manter intacto o deslumbre dos vestidos de gala, construídos com uma mistura de organza e transparências bem localizadas no corpo.

6 – Gustavo Lins

Único brasileiro a desfilar coleções na temporada de alta-costura parisiense, Lins é um costureiro no sentido literal da palavra. Nesta temporada, apresentou uma mistura de peças de alfaiataria, vestidos de baile, casacos de pelo e um apreço pelo caimento perfeito que o coloca entre os designers mais técnicos da federaçaõ de moda francesa, que organiza os desfiles em Paris.

7 – Maison Margiela Artisanal

O desfile marca o retorno do francês John Galliano à moda e a nova fase da grife que o contratou. A Maison Margiela perdeu o “Martin” da etiqueta (Martin Margiela é o estilista fundador da grife) e, com o desfile, trilha um caminho sem volta onde o minimalismo que a tornou famosa encontra o drama característico do seu novo diretor criativo. Demitido da Dior, em 2011, após proferir declarações antissemitas em um vídeo vazado na internet, Galliano foi recebido com entusiasmo e choro dos fashionistas que acompanharam sua apresentação em Londres.

8 – Valentino

O amor foi o mote para os estilistas Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli criarem uma coleção tão complexa quanto o sentimento que a inspirou. Os romances de Shakespeare, o inferno de Dante Alighieri e as pinturas do russo Marc Chagall se misturaram em vestidos construídos em camadas de tecido bordados com fios de ouro que formavam desenhos de estrelas. Destaque para os longos transparentes de seda com detalhes geométricos no busto.

Veja desfile de alta-costura do verão 2015 da Valentino:

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