Peça Únicagaga – Peça Única http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br por Pedro Diniz Fri, 04 Nov 2016 04:00:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 A nova “ilusão perfeita” de Lady Gaga http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/09/22/a-nova-ilusao-perfeita-de-lady-gaga/ http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/09/22/a-nova-ilusao-perfeita-de-lady-gaga/#respond Thu, 22 Sep 2016 19:25:25 +0000 http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/files/2016/09/gaga-illusion-180x100.jpg http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/?p=2232 “Little Monsters” em polvorosa. O clipe da nova música da popstar Lady Gaga, “Perfect Illusion”, foi lançado na quarta-feira (21) para divulgar seu quinto álbum, “Joanne”. O disco leva o segundo nome de Stefani Joanne Angelina Germanotta, personagem impresso na certidão de nascimento da americana, e sairá no dia 21 de outubro.

As músicas são produzidas por vários amigos de Gaga, entre eles Mark Ronson, produtor dos discos de Amy Winehouse, e Nadir Khayat, autointitulado RedOne e escultor de “Bad Romance” e “Just Dance”, singles da mesma “Mother Monster”, como a cantora é conhecida entre os fãs.

Veja o clipe de “Perfect Illusion”:

“Monstrices”, porém, ficaram no passado. O clipe é dirigido pela fotógrafa de moda Ruth Rogben e soa como ponto de virada na carreira da mulher que, entra álbum sai álbum, remexe os padrões imagéticos da cultura pop –feito que só Madonna conseguia realizar desde que surgiu na turnê “Blond Ambition” (1990) com um sutiã cônico de Jean Paul Gaultier.

Neste novo trabalho, não faltaram comparações com as décadas marcadas pelos excessos na vestimenta e na agressividade melódica do rock. Soa ultrapassado? Não é o que acha metade dos estilistas e das marcas internacionais que, neste início de temporada internacional, reacenderam o glitter e espírito roqueiro na passarela para trazer o estilo “street” e glamoroso dos anos 1980 e 1990 de volta à ribalta. O rock está na moda.

Há 25 anos era lançada “Smells Like Teen Spirit”, do Nirvana. O punk, grande referência das últimas coleções de grifes de luxo, fará 40 anos em 2017. “Guns’n Roses está de volta (perceberam o shortinho do tipo Axl Rose que ela usa?). Nada é por acaso quando se trata da cantora mais alinhada ao marketing da indústria do entretenimento.

Gaga dá verniz roqueiro à estética pop e faz uma homenagem aos Estados Unidos.

Sem descambar na óbvia bandeira americana estampada na roupa, a cantora equaciona pedaços do seu país natal neste clipe. O deserto californiano, o estilo Coachella revisitado e a enxurrada de marcas americanas –desta vez, só dá elas–, modelam a ilusão de que a cantora fala.

O estilista Brandon Maxwell, um dos protegidos da primeira-dama americana Michelle Obama, é quem constrói a nova imagem da cantora. A blusa “podrinha” é American Apparel, os shorts jeans são Levi’s, as botas são Rag And Bone, os óculos são Persol. Ou seja, não são só o clipe e a canção os elementos palatáveis dessa nova fase.

Diferentemente do seu armário de antigamente, o figurino de hoje pode ser usado e comprado por qualquer um. Nem de longe a cantora lembra a modelo não-oficial do estilista Alexander McQueen (1969-2010) que chocou a indústria nos tempos de “The Fame Monster” (2009), álbum mais rentável de sua carreira.

Movida por um radar apontado para o futuro mas com a memória de um passado recente, a estética “Joanne” de Lady Gaga provavelmente não chegará a ter o impacto da “Lemonade” de Beyoncé, mas entregará o que sua criadora faz melhor: “ilusões” bem engendradas, quase perfeitas.

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Análise: Grammy é melhor vitrine para a moda do que o Oscar http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/02/16/analise-grammy-e-melhor-vitrine-para-a-moda-do-que-o-oscar/ http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/02/16/analise-grammy-e-melhor-vitrine-para-a-moda-do-que-o-oscar/#respond Tue, 16 Feb 2016 17:38:51 +0000 http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/files/2016/02/Gaga-180x120.jpg http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/?p=1872 Coloque todas as celebridades que passam pelos tapetes vermelhos das premiações do cinema ao lado daquelas que fazem pose no Grammy. A constatação é óbvia. Divas da música se vestem melhor que as das telas. Ou, pelo menos, têm mais manejo e graça ao segurarem no corpo um vestido de grife.

Por mais desenvoltas que as atrizes sejam na frente das câmeras, o ofício de dar a cara a tapa e, muitas vezes, construir personagens por meio de suas roupas, faz das cantoras modelos mais interessantes para as grifes trabalharem suas ideias.

Quem no Oscar poderia usar, por exemplo, o vestido azul do estilista Marc Jacobs que Lady Gaga vestiu na segunda (15) para os flashes do Grammy?

A mistura de pop art, anos 1980 e divas do cinema antigo proposta no verão 2016 de Jacobs não caberia no script exageradamente correto do tapete vermelho mais fotografado do mundo.

É claro que as atrizes de Hollywood sentem o peso de ser, ou parecer, uma diva tradicional numa festa tradicional. (Leia mais sobre o assunto numa análise recente que fiz para a “Ilustrada”)

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Mas o que as artistas da música ensinaram nesse último Grammy é que, sim, é possível aliar glamour e algum senso de inovação para não cair na vala do “look correto”, aquele que todo mundo olha, acha bonito, mas apaga da cabeça antes do próximo clique. Algo banal para quem apenas acompanha, mas a morte para qualquer marca que se propõe a vestir alguém.

São as celebridades as maiores responsáveis por dar crédito às grifes de luxo, um crivo que nenhum crítico ou publicação de moda tem o poder de dar. Não foi à toa que a Gucci escolheu a cantora Florence Welch, representação do vintage moderninho, para ser uma de suas modelos exclusivas.

A mesma marca italiana também não é mera figurante no clipe mais comentado do momento, “Formation”, de Beyoncé, o que mostra interesse da etiqueta em investir a maior parte da verba de marketing em ações direcionadas à indústria fonográfica.

Do ponto de vista das tendências, o Grammy se mostrou muito mais atento ao que acontece no mundo. A cantora pop Demi Lovato fundiu alfaiataria e sensualidade no look preto de Norisol Ferrari, composto por blazer decotado e saia com fenda. A noção de mistura de gêneros é um dos principais temas da passarela.

Também merece atenção a nudez comedida das mulheres. Na premiação mais importante da música, Taylor Swift, grande estrela da noite, preferiu um conjunto berrante de “top cropped” e saia da Atelier Versace em vez do vestido de gala.

E mesmo quando optam pelo longo, jogam fora a seda básica. O tomara-que-caia da cantora country Kacey Musgraves, assinado pela Armani Privé, era todo texturizado em tons de azul e roxo.

O longo Stella McCartney de Ellie Goulding, uma das mais chiques da cerimônia, tinha uma espécie de placa de metal nas costas nuas que não deixou a cantora com jeito de Barbie. Selena Gomez, de Calvin Klein, fugiu da caricatura com um longo cortado nas laterais.

É certo que existem aberrações. A princesa da Disney conjurada por Megan Nicole e o moletom rosa cravejado de cristais de Dencia são um soco no olho. Porém, no fim das contas, parece ser mais sincero pisar na bola com vontade de acertar do que perder por W.O.

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