Peça Únicaversace – Peça Única http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br por Pedro Diniz Fri, 04 Nov 2016 04:00:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 A ‘nova’ moda italiana em 5 desfiles http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/03/01/a-nova-moda-italiana-em-5-desfiles/ http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/03/01/a-nova-moda-italiana-em-5-desfiles/#respond Wed, 02 Mar 2016 01:36:50 +0000 http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/files/2016/03/CX094_4AC8_9-180x118.jpg http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/?p=1918 Nesta terça-feira (1) começaram os desfiles de outono-inverno 2016/2017 de Paris, mas para entender as coleções da cidade “mais importante” da indústria é preciso olhar a temporada que antecede a da capital francesa: a semana de moda de Milão.

Considerada pela crítica internacional uma fresta de luz num mercado mergulhado em incertezas como é o da moda europeia – que ainda sofre os efeitos da crise financeira e especula o impacto da onda migratória –, a semana italiana terminou na segunda (29) redefinindo o estereótipo de moda vibrante e sensual pelo qual suas marcas ficaram conhecidas.

Há elementos da corrente vintage capitaneada há um ano pelo estilista da Gucci, Alessandro Michele, um visual “esportivo chic” traduzido em elementos da roupa de performance e reflexos de maximalismo aplicados em roupas que, a rigor, são minimalistas.

Repensar os próprios códigos de vestimenta não significa olhar para o próprio umbigo. Pelo contrário. Versace, Gucci, Diesel Black Gold, Prada e Dolce & Gabbana, para citar uma pequena parte do panteão do “made in italy”, estão conectadas ao que há de mais digerível em se tratando de tendências.

Se é pra colocar alfaiataria, como fez a Versace e tantas outras, que seja com uma mini top por debaixo da jaqueta esportiva. Se a ideia é flertar com o militarismo, que ele seja estampado, quase kitsch, como fez a Prada numa de suas coleções mais bem planejadas do ponto de vista estético.

Enquanto Paris abre espaço para designers autorais neste primeiro dia de temporada, confira os melhores desfiles que marcaram a edição mais fresca de inverno que a Itália produziu nas últimas temporadas.

 

1º – Prada

Look da coleção de inverno 2017 da Prada, desfilado na semana de moda de Milão. Crédito: Giuseppe Cacae/AFP
Look da coleção de inverno 2017 da Prada, desfilado na semana de moda de Milão. Crédito: Giuseppe Cacae/AFP

Correntes em voga na moda como a androginia, os temas marítimos e o militarismo poderiam definir a coleção de Miuccia Prada, porém há muito mais a ser visto. Prada retoma sua cruzada em busca do visual apocalíptico e fatalista iniciado com a passarela de verão 2016 da Miu Miu, em outubro de 2015, e destrincha a crise migratória na Europa que resultou na morte de milhares de refugiados. Bolsas coladas ao pescoço, pequenos relicários entrelaçados no tronco e um chapéu de marinheiro entregam o tema proposto pela estilista. São a fuga forçada e o sentimento de não ter para onde ir os guias dessa coleção, embalada por ‘playlist’ de PJ Harvey e Karen Elson. “Escalei montanhas, viajei pelo mar, expulsa do paraíso, humilhei de joelhos, dormi com o diabo, maldito deus do céu, abandonada pelo paraíso”, diz um trecho de “To Bring You My Love”.  A silhueta dos anos 1940 e 1950, período pós-guerra caracterizado pela escassez de recursos na indústria têxtil, não poderia deixar de ser o emblema da tese de Prada.

Veja vídeo do outono-inverno 2016/2017 da Prada:

 

2º – Gucci

Look da coleção de Alessandro Michele para a grife Gucci. Crédito: Giuseppe Cacae/AFP
Look da coleção de Alessandro Michele para a grife Gucci. Crédito: Giuseppe Cacae/AFP

Mais moderninho que Prada, Alessandro Michele é o novo xodó da moda italiana e de toda a imprensa especializada. Sua fórmula é simples: um visual ‘geek’, quase nerd, com pinceladas dos anos 1970 e o colorido mais vibrante e desconexo possível. Suas silhuetas são comportadas, mas há um clima de mistério na alfaiataria estampada, nos laços no pescoço, no brilho das saias reluzentes. De tão bem executada, a ideia se transformou no último grito da moda mundial e, para a felicidade da Gucci, trouxe de volta o poder de fogo da marca italiana. É da grife a maioria dos looks do videoclipe de “Formation”, último single de Beyoncé. Nesta coleção, Michele reafirma seu estilo premeditadamente confuso, com referências aos anos 1980 e ao renascentismo italiano.

Veja vídeo do outono-inverno 2016/2017 da Gucci:

 

3º – Versace

Modelo desfila look esportivo do inverno 2017 da Versace. Crédito: Tiziana Fabi/AFP
Modelo desfila look esportivo do inverno 2017 da Versace. Crédito: Tiziana Fabi/AFP

Donatella Versace creditou às mulheres reais a fonte de inspiração desta temporada. A coleção da grife “mais sexy” da temporada milanesa tem muito da influência do estilista belga Anthony Vaccarello, contratado por Donatella para gerir o estilo da marca Versus Versace, mais acessível que a etiqueta-mãe. A assimetria das fendas diagonais das saias e o apreço pelo rigor da alfaiataria belga contaminou a passarela da Versace, só que com elementos da indumentário esportiva. Há matelassados, blusas tranparentes adornadas com lantejoulas, jaquetas “perfecto” e peças de couro, material fetichista que também serviu de base para o desfile da Moschino.

Veja vídeo do outono-inverno 2016/2017 da Versace:

 

4º – Diesel Black Gold

Modelo desfila look de inverno 2017 da Diesel Black Gold. Crédito: Giuseppe Cacae/AFP
Modelo desfila look de inverno 2017 da Diesel Black Gold. Crédito: Giuseppe Cacae/AFP

A marca premium da etiqueta de jeans volta à passarela milanesa após deixar a semana de moda de Nova York. Não há elucubrações sobre o contexto social da Europa na moda fácil proposta pelo estilista Andreas Melbostad. E isso não é ruim. O trabalho de misturar matérias-primas como couro, jeans e nylon é um ponto interessante porque, numa época de exageros rebuscados, cai bem um pouco de funcionalidade à roupa. Jaquetas do tipo biker, jeans com rendas e recortes gráficos compõem a coleção utilitária do estilista. O clima de festa é bem a cara desse novo momento da moda italiana, e a Diesel, principal nome do “jeanswear” italiano, soube tirar proveito dele.

Veja vídeo do outono-inverno 2016/2017 da Diesel Black Gold:

 

5º – Dolce & Gabbana

Modelo desfila look do inverno 2017 da Dolce & Gabbana, na semana de moda de Milão. Crédito: Giuseppe Cacae/AFP
Modelo desfila look do inverno 2017 da Dolce & Gabbana, na semana de moda de Milão. Crédito: Giuseppe Cacae/AFP

Exemplo de grife que reinventa a própria identidade a cada temporada, a Dolce & Gabbana criou princesas nesta temporada de moda em Milão. Nada de looks bufantes e metros de tule, as novas cinderelas, brancas de neve e belas adormecidas usam vestidos mídi justos ao corpo, bolsas com o dizer “Quem é a mais bela? Eu” e estampas de castelos, candelabros e rosas bordadas na roupa. A onda “fun” (termo da moda para roupas bem humoradas) esculpiu a mistura de romantismo e sensualidade proposta pela marca. O estilo siciliano, base da moda criada por Domenico Dolce & Stefano Gabbana, saltava aos olhos, mas foi emoldurada com uma aura sarcástica e um viés quase urbano que fazia falta na passarela dos estilistas.

Veja vídeo do outono-inverno 2016/2017 da Dolce & Gabbana:

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Análise: Grammy é melhor vitrine para a moda do que o Oscar http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/02/16/analise-grammy-e-melhor-vitrine-para-a-moda-do-que-o-oscar/ http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/02/16/analise-grammy-e-melhor-vitrine-para-a-moda-do-que-o-oscar/#respond Tue, 16 Feb 2016 17:38:51 +0000 http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/files/2016/02/Gaga-180x120.jpg http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/?p=1872 Coloque todas as celebridades que passam pelos tapetes vermelhos das premiações do cinema ao lado daquelas que fazem pose no Grammy. A constatação é óbvia. Divas da música se vestem melhor que as das telas. Ou, pelo menos, têm mais manejo e graça ao segurarem no corpo um vestido de grife.

Por mais desenvoltas que as atrizes sejam na frente das câmeras, o ofício de dar a cara a tapa e, muitas vezes, construir personagens por meio de suas roupas, faz das cantoras modelos mais interessantes para as grifes trabalharem suas ideias.

Quem no Oscar poderia usar, por exemplo, o vestido azul do estilista Marc Jacobs que Lady Gaga vestiu na segunda (15) para os flashes do Grammy?

A mistura de pop art, anos 1980 e divas do cinema antigo proposta no verão 2016 de Jacobs não caberia no script exageradamente correto do tapete vermelho mais fotografado do mundo.

É claro que as atrizes de Hollywood sentem o peso de ser, ou parecer, uma diva tradicional numa festa tradicional. (Leia mais sobre o assunto numa análise recente que fiz para a “Ilustrada”)

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Mas o que as artistas da música ensinaram nesse último Grammy é que, sim, é possível aliar glamour e algum senso de inovação para não cair na vala do “look correto”, aquele que todo mundo olha, acha bonito, mas apaga da cabeça antes do próximo clique. Algo banal para quem apenas acompanha, mas a morte para qualquer marca que se propõe a vestir alguém.

São as celebridades as maiores responsáveis por dar crédito às grifes de luxo, um crivo que nenhum crítico ou publicação de moda tem o poder de dar. Não foi à toa que a Gucci escolheu a cantora Florence Welch, representação do vintage moderninho, para ser uma de suas modelos exclusivas.

A mesma marca italiana também não é mera figurante no clipe mais comentado do momento, “Formation”, de Beyoncé, o que mostra interesse da etiqueta em investir a maior parte da verba de marketing em ações direcionadas à indústria fonográfica.

Do ponto de vista das tendências, o Grammy se mostrou muito mais atento ao que acontece no mundo. A cantora pop Demi Lovato fundiu alfaiataria e sensualidade no look preto de Norisol Ferrari, composto por blazer decotado e saia com fenda. A noção de mistura de gêneros é um dos principais temas da passarela.

Também merece atenção a nudez comedida das mulheres. Na premiação mais importante da música, Taylor Swift, grande estrela da noite, preferiu um conjunto berrante de “top cropped” e saia da Atelier Versace em vez do vestido de gala.

E mesmo quando optam pelo longo, jogam fora a seda básica. O tomara-que-caia da cantora country Kacey Musgraves, assinado pela Armani Privé, era todo texturizado em tons de azul e roxo.

O longo Stella McCartney de Ellie Goulding, uma das mais chiques da cerimônia, tinha uma espécie de placa de metal nas costas nuas que não deixou a cantora com jeito de Barbie. Selena Gomez, de Calvin Klein, fugiu da caricatura com um longo cortado nas laterais.

É certo que existem aberrações. A princesa da Disney conjurada por Megan Nicole e o moletom rosa cravejado de cristais de Dencia são um soco no olho. Porém, no fim das contas, parece ser mais sincero pisar na bola com vontade de acertar do que perder por W.O.

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5 desfiles de alta-costura para olhar de perto http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/01/28/%ef%bb%bf%ef%bb%bf5-desfiles-de-alta-costura-para-olhar-de-perto/ http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/2016/01/28/%ef%bb%bf%ef%bb%bf5-desfiles-de-alta-costura-para-olhar-de-perto/#respond Thu, 28 Jan 2016 22:01:28 +0000 http://f.i.uol.com.br/folha/colunas/images/14211294.jpeg http://pecaunica.blogfolha.uol.com.br/?p=1811 A temporada de alta-costura primavera-verão 2016 chegou ao fim nesta quinta-feira (28), em Paris. Já falei aqui que essas roupas, construídas durante vários meses, são os novos xodós das grifes de luxo e tão importantes para o posicionamento das marcas quanto as coleções de prêt-à-porter. Para entender mais sobre esse mundo da exclusividade e das cifras polpudas, veja cinco apresentações que devem ser vistas em tela cheia.

 

CHRISTIAN DIOR

A primeira passarela da Christian Dior sem o estilista belga Raf Simons foi montada no museu Rodin, em Paris, e quis evocar a feminilidade. Os estilistas da equipe interna da marca, Serge Ruffieux, 41, e Lucie Meier, 33, deixaram os ombros à mostra, usaram transparências e mesclaram bordados e alfaiataria, no limiar entre a fantasia proposta na era John Galliano e a rigidez do corte capitaneada por Simons. As roupas tiveram como inspiração as mulheres parisienses e são difíceis de engolir após a saída do estilista belga, mas há um esforço de respeitar os códigos da marca — a jaqueta “bar” foi reinterpretada pelos designers — e levar adiante o espírito visionário do seu fundador.

 

CHANEL

Segundo Karl Lagerfeld, estilista da grife, “Coco Chanel era a ‘Rainha do Bege’”. É da cor “nada” que ele tira quase toda a paleta do desfile, realizado num estrutura de madeira rodeada por um jardim no meio do Grand Palais, em Paris. Lagerfeld toca no conceito de moda ecológica, com uma mistura bem engendrada de materiais artesanais, como a lã orgânica, o papel reciclado e a madeira, material chave para vários looks desfilados. Uma pochete para guardar o celular é uma das peripécias do “kaiser”, que pinga um pouco de controvérsia em suas coleções. Desta vez, a sacada não prejudicou em nada o visual limpo e elegante do desfile, um dos mais bonitos da marca.

**VALE A PENA TAMBÉM CONFERIR O VÍDEO COM OS DETALHES DA COLEÇÃO***

O que deixa a alta-costura da grife ainda mais interessante é o fato de que ela é sempre feita dentro de pequenos ateliês comprados pela própria marca. Em 1997, o grupo Paraffection S.A foi criado pela Chanel para manter vivas algumas tradições têxteis que estavam se perdendo na França.

 

MAISON MARGIELA ARTISANAL

Essa coleção é uma homenagem a David Bowie, à manufatura e, principalmente, ao próprio legado do estilista que a construiu. John Galliano fez da alta-costura da Margiela um dos momentos mais aguardados dessa temporada de desfiles. Camadas de tecidos foram rasgados, remodelados e colados em diferentes formas para embaralhar os sentidos. Uma jaqueta esportiva ao avesso revela inspirações decorativistas, um vestido transparente aplicado sobre um camisão de alfaiataria tem como complemento uma bota glam. Brilho e minimalismo se encontraram na passarela e o resultado é um estudo sobre o corpo e diferentes possibilidades de encobri-lo.

 

ATELIER VERSACE

O erotismo acompanhou toda a trajetória de Donatella Versace na grife que leva o seu sobrenome, e, nesta coleção de alta-costura, ele é enrolado em tiras que formam imagens de teias de aranha. O viés esportivo comum nas últimas temporadas da marca apareceu em jaquetas curtas com gola de moletom e tops minúsculos. Os materiais variavam de couro a uma mistura química de gel endurecido. Dos anos 1980, Donatella pesca cores acesas em contraste com o preto e alguns vestidos curtos, com várias aberturas, colados no corpo.

 

ARMANI PRIVÉ

Uma das grifes preferidas das celebridades nas premiações de Hollywood olha para o movimento das ondas e a gravidade para mostrar uma coleção cheia de detalhes difíceis de modelar. Sedas leves com pregas, cortes que experimentam opor volumes e comprimentos e algumas sobreposições de babados compõem a mistura proposta por Armani. Uma mão inexperiente poderia fazer deste jogo um desastre espalhafatoso, mas como se levado pela ação do vento sobre o tecido, o estilista esculpe peças glamorosas com efeitos de cor — na maior parte das vezes, um tom de lilás claro — e formas simétricas dentro de um conjunto de assimetria.

 

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