Ministério Público prepara inquérito contra Animale após suposto racismo

Por Pedro Diniz

O Ministério Público de São Paulo já prepara um inquérito contra a grife carioca Animale pelo suposto caso de racismo ocorrido em 28 de março em frente à loja da marca na rua Oscar Freire, polo de compras na zona oeste de São Paulo. O promotor Alfonso Presti cuida do caso.

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Um menino negro de oito anos, filho adotivo do cidadão americano Jonathan Duran, 42, teria sido expulso da frente do ponto da grife por estar segurando uma cartela de adesivos com desenhos de super heróis.

Enquanto o pai estava no celular, uma funcionária teria dito que a criança não poderia “vender nada aqui”.

Duran, que é editor financeiro e está há 19 anos no Brasil, foi chamado para depor logo após a repercussão do episódio na imprensa, mas devido ao feriado da Semana Santa só pode comparecer na terça-feira (8).

Procurada, a assessoria da Animale não soube informar se algum representante da empresa já prestou depoimento.

Foto tirada por Jonathan Duran logo após o incidente, em 28 de março. Facebook/Reprodução
Foto tirada por Jonathan Duran logo após o incidente, em 28 de março. Facebook/Reprodução

À Folha, um dia após depor, Duran disse que contou ao Ministério Público detalhes da abordagem da funcionária que, segundo a Animale afirmou em comunicado, estava em treinamento há 14 dias.

“Pediram para eu falar um passo a passo sobre o que aconteceu. Esse tipo de ação serve para esclarecer grifes e empresários de que racismo é, sim, passível de punição”, diz Duran, que evita falar com o filho sobre os desdobramentos do caso.

“Ele não entende o que aconteceu. Ontem mesmo se referiu à funcionária como a ‘mulher que ficou nervosa’”, conta.

Daqui a duas semanas, entre os dia 20 e 24 deste mês, um representante da Animale dever ir a São Paulo para falar com Duran sobre o incidente.

Atualização: A Animale, após a matéria ser publicada, disse que ainda não foi procurada pelo Ministério Público.

 

Leia o comunicado da Animale direcionado a Jonathan Duran:

“Lamentamos as palavras ouvidas por seu filho na entrada de nossa loja no último sábado. A pessoa que o recebeu estava trabalhando em período de experiência, há 14 dias.

São palavras que não refletem a cultura inclusiva de nossa equipe e de nossos 24 anos de empreendimento. Tenha certeza que somos uma equipe inclusiva, diversificada, que respeita e valoriza a igualdade e o respeito humano.

Assim, trazemos aqui à sua família a solidariedade e o respeito de todos e cada um dos 3.700 integrantes de nossa equipe, que junto as suas famílias compartilharam também essa atitude e sentimento.

Clientes do histórico social que nos indigna a todos, afirmarmos que encontrarão sempre conosco o compromisso com o aprimoramento, o respeito e a solidariedade humana, especialmente com as crianças.

Com carinho e respeito,

A família Animale.”